MITO, RELIGIÃO E AMBIENTE MIDIÁTICO
[:pb]O ambiente midiático contemporâneo acolhe de bom grado a experiência do mito e da religião. Essa associação é clara quando percebemos, por exemplo, a história de dois veículos clássicos da cultura de massa, o rádio e a TV. Desde o seu início, eles foram rapidamente ocupados por programas religiosos, fenômeno que se expande até hoje no continente americano e não dá sinais de arrefecimento. É certo que esse vínculo, bem-sucedido do ponto de vista mercadológico, encontra sua raiz comum em um mecanismo muito caro aos fenômenos míticos e religiosos, bem como à própria mídia, a saber: a mediação. De certo modo, parece não haver, do ponto de vista formal e funcional, muitas diferenças entre a mediação homem-sagrado em um ritual religioso e os “ritos” prescritos na sala de cinema, em nosso mergulho imaginário. Obviamente, o sentido do sagrado, sua experiência única, movida pela fé – que reconhece como real, e não imaginário, o que está na outra ponta do processo mediador –, constitui algo diverso de qualquer experiência cinematográfica. Entretanto, formalmente, trata-se de dispositivos que efetuam uma suspensão do cotidiano humano, promovendo sua entrada em uma segunda realidade. Pensar os vínculos entre mídia, mito e religião implica semelhantemente refletir sobre um amplo espectro de negociações, de concessões e de condições para a subsistência de experiências de fundo arcaico em plena sociedade contemporânea. Sendo assim, pesquisadores brasileiros e estrangeiros encaram o desafio de analisar as dimensões simbólicas do imaginário e da religião na mídia. A primeira parte, intitulada “Cultura, Mito e Contemporaneidade”, debruça-se sobre a configuração da sociedade midiática, amparada na valorização do olhar e da imagem e sobre suas formas de devoração do discurso mítico, seja na esfera do consumo, atravessando o cotidiano midiático da publicidade, seja na própria ciência. Percebe-se, nessa parte, que o mito é considerado não só um instrumento, ou um dispositivo (como muitas vezes os produtores midiáticos o imaginam), mas também um catalisador da experiência midiática. Já a segunda parte, “Cultura, Religião e Ambiente Midiático”, é dedicada às formas de apropriação recíproca entre os meios de comunicação e os novos movimentos religiosos. Recíproca, porque a presença religiosa nos meios como a TV, o rádio e, particularmente, a internet sugere que essa fome das novas igrejas por espaços da mídia, demonstrada na aquisição obsessiva de rádios e de TVs, além dos novos espaços virtuais, reconfigurou a experiência religiosa, a ponto de os novos modelos de ritos sagrados não prescindirem de uma verdadeira gramática estético-funcional da mídia.[:]
Correios Width | 16 |
---|---|
Correios Height | 2 |
Correios Depth | 23 |
Ano | 2021 |
ISBN | 9786589814078 |
Autor(a) | Alberto Klein; Hertz W. Camargo (Orgs.) |
Edição | 1 |
Editora | EDUEL |
Idioma | Português |
Ilustradora | NULL |
Tradutora | NULL |
Número de páginas | 164 |